Hoje escrevo sobre uma das maiores paixões da minha vida: viagens. Sabia que em algum momento eu escreveria sobre este tema, mas estava sempre esperando um momento especial, como quando a gente vai comer algo e deixa o melhor para o final, sabe? Essa é a importância que a palavra “viagem” tem para mim, ela não deve ser usada em vão e não deve ser tema de um texto a menos que eu esteja inspirada para tal. Essa semana senti que deveria escrever sobre isso, não porque estou particularmente inspirada, mas porque sei que só de escrever a respeito já vou me recordar de momentos gostosos e isso sempre me faz bem. E também porque eu posso escrever mais de um texto sobre o mesmo tema, desde que com enfoques diferentes. Ou seja, não é porque estou escrevendo agora que não poderei escrever mais.

Sei que você deve estar pensando, mas praticamente todo mundo gosta de viajar, certo? Certo, mesmo porque viajar pode ser ir para a mesma casa de praia todo final de semana. O que é ótimo e permite a manutenção da sanidade de muita gente. Mas o sentido que viajar tem para mim, quando eu penso nele, é o de conhecer novos lugares, sejam perto (ir para uma praia próxima que eu ainda não conhecia), sejam longe (confesso que estes são os que mais me fascinam, pois quanto mais nos distanciamos do que conhecemos mais diferentes as coisas ficam). De qualquer forma, se perguntarmos aleatoriamente para as pessoas na rua se elas gostam de viajar, uma boa parte provavelmente responderá que sim, ainda que estejam se referindo àquelas viagens de final de semana sempre para o mesmo destino.

A diferença, para mim, está na importância que esse evento tem na vida das pessoas. Obviamente que as pessoas, no geral, gostam de viajar. Mas quanto isso é uma necessidade para elas? Eu sinto como uma necessidade real. É de fato uma das minhas coisas preferidas da vida. Cheguei a deixar de seguir todos os meus amigos por um tempo nas redes sociais pois não conseguia suportar vê-los em viagens quando eu não conseguia fazer o mesmo no momento. Parece besteira, mas era algo que me fazia muito mal. Para algumas pessoas ostentação é um carro de luxo, um celular de última geração ou uma joia cara. Para mim é viajar. Conhecer novas culturas, ter novas experiências, aprender sobre as pessoas de diferentes lugares e perceber como o mundo é grande e quanta coisa tem por aí para ser descoberta.

Lembro que o meu sonho sempre tinha sido ir para a Europa, e a primeira vez que eu fui lembro que me deu até medo de o avião cair, pois eu não acreditava que ia dar certo e eu ia mesmo chegar lá. Muitas das memórias que eu tenho e que me tiram instantaneamente um sorriso do rosto são de viagens que eu fiz. Comer marmita todos os dias, não ir em restaurantes caros, economizar cada centavo, e, mesmo durante a viagem em si, não ficar em grandes hotéis e nem fazer tours gastronômicos, tudo isso valeu a pena para ser possível ter as experiências que eu tive. Porque ao chegar ao tão sonhado destino do momento, era ali que eu me sentia próxima de algo divino, mesmo não sendo religiosa. Lembro de sempre agradecer quando estava presenciando algo que me impactava, pois aquilo para mim era verdadeiramente sagrado.

Nunca tive certeza sobre ter filhos, por exemplo, ou sobre outros temas que as pessoas muitas vezes têm. Mas sempre tive certeza de que queria conhecer o máximo de lugares que eu pudesse, pois para mim nunca fez muito sentido ficar presa a um só lugar com um mundo tão grande e lindo lá fora. Claro que a realidade vem, o dólar sobe e tudo começa a parecer cada vez mais distante. Mas, se deu para perceber até aqui o quanto viajar tem de peso na minha vida, é fácil deduzir que não é algo de que eu consigo abrir mão e ficar bem com isso. O meu objetivo de vida sempre terá viagens como um dos itens principais, e mesmo que por ora esse objetivo esteja em pausa, ele nunca deixará de pautar a minha vida.

Não sei onde a vida vai me levar, mas tenho convicção de que eu ainda vou visitar todos os destinos que permeiam os meus sonhos e muitos outros que eu nem sonho ainda. Todo o resto pode ser incerto, mas isso não. Uma vez alguém me disse que tatuagens são como autoafirmações de coisas que você precisa naquele determinado momento, como um desenho que representa liberdade quando você se sente presa, por exemplo. Talvez este texto seja isso para mim, uma autoafirmação, ou melhor, um lembrete do que para mim é essencial e inegociável. E que por mais que às vezes pareça tão distante, nunca será impossível, e que eu nunca vou deixar de desejar e ir em direção a isso. Espero em breve voltar a ouvir a minha pergunta preferida: vai pra onde?